Augusto Pascutti
por Augusto Pascutti
6 min. de leitura

Categorias

  • PHP
  • Palestra

O PHPUnit é a ferramenta padrão de testes no PHP, e após várias tentativas anteriores de como explicar testes automatizados em 50 minutos chegamos a essa iteração da tentativa, que:

  1. Explica como criar sua própria ferramenta de testes
  2. Como testar uma aplicação existente
  3. Como transportar nossos testes para o PHPUnit

Meu objetivo com essa estrutura é mostrar que você já sabe testar. Minha hipótese é que mostrando como automatizar um teste sem nenhuma ferramenta fica mais fácil entender como usar o PHPUnit.

Você já sabe testar

Automatizar testes não é tão óbvio quando pode parecer e é bem difícil escrever bons testes - justiça seja feita que é difícil até definir o que é um bom teste. A receita pra isso é tentar, falhar e aprender com isso. Levei mais de 5 anos pra me sentir confortável com o conceito.

Você sempre checa se o que você fez funciona ou não, isso é testar. É normal escutar pessoas dizendo que “não sabem testar” quando na verdade elas querem dizer que não sabem fazer isso de forma automática. A exemplo o teste abaixo:

$ echo "Hello World!"
Hello World!

O output é exatamente o esperado então o teste é um sucesso! Falhas podem acontecer de diversas formas:

$ echp "Hello World!"
-bash: echp: command not found

O output do comando acima é uma falha, por exemplo. Se você que automatizar seus testes precisa aprender que eles possuem basicamente duas condições: sucesso ou falha.

Automatizando nossa primeira verificação

Automatizar significa criar um programa que faça essa verificação sozinho pra nós e nos diga se tudo deu certo ou não. Daí vem a primeira confusão:

  1. Uma verificação (assertion) pode ter sucesso ou falha
  2. Um teste pode ter sucesso ou falha

Um teste pode ser composto por várias verificações e se uma verificação falha o teste falha como consequência. Para automatizar o um teste precisamos saber quais verificações podemos ou iremos fazer, seguindo o exemplo anterior podemos verificar:

  1. O output é igual ao esperado?
  2. O comando sendo executado existe?
  3. O comando é executado com sucesso?

A mim, a lista de verificações passíveis de automatização são uma das tarefas mais difíceis e que nenhum framework de teste unitário irá fazer por você. Implementar todas as verificações é uma excelente ideia mas com o tempo você nota que existe um ideal e o ideal agora é só verificar se o comando é executado com sucesso.

Toda shell, ao executar um comando, popula a variável $? com 0 (zero) caso sucesso e é nesse comportamento que vamos verificar todo nosso comportamento:

$ echo "a"
a
$ echo $?
0
$ echp "a"
-bash: echp: command not found
$ echo $?
127

Sabendo o que precisamos verificar, podemos escrever nosso teste. Ele será um programa shell que terminará com 0 (zero) no caso de sucesso além de imprimir “ok”.

#!/usr/bin/env sh

# 1. Executa o comando
# O `> /dev/null` faz com que o output do comando não seja exibido
echo "Hello World!" > /dev/null
# 2. Verificamos a saida
if [ "$?" == "0" ]
then
    # 3. Imprime sucesso
    echo "Ok"
    # 4. Sai com status 0 (zero) de sucesso
    exit 0
else
    # 3. Imprime erro
    echo "Error"
    # 4. Sai com status 1 (um) de erro
    exit 1
fi

Toda vez que executarmos o programa acima, ele fará a verificação de forma automática. Apesar do programa acima não parecer muito útil, ele é a estratégia que todas as ferramentas de Integração Contínua usam: verificar o exit code de um comando. Apesar dele não parecer muito útil, você aprendeu uma lição fundamental para fazer seu próprio sistema de integração contínua.

Automatizando a execução das verificações

É aqui que a maioria dos frameworks de teste entram. Apesar deles já possuírem diversas ferramentas que auxiliam na verificação, o que eles inicialmente provêm é uma forma de organizar suas verificações e de executar elas.

O PHPUnit, por exemplo, trata todas as classes com sufixo Test e que herdam PHPUnit\Framework\TestCase como uma suíte (conjunto) de testes e todo método com o prefixo test como um teste. Se nós quisermos algo semelhante, precisamos:

  1. Definir uma estrutura padrão de teste
  2. Executar todos os testes que seguem essa estrutura
  3. Produzir um relatório dos testes

A estrutura que nossos testes terão é simples e eficiente, e não muito diferente do que várias ferramentas oferecem:

  1. Todo teste deve estar dentro do diretório test
  2. Um teste por arquivo, o nome do arquivo é o nome do teste
  3. O teste não deve imprimir nada
  4. O exit code do teste é o resultado dele

Agora precisamos de um programa para executar todos os testes. Esse programa, assim como nossa verificação automatizada e nossos testes, irá terminar com exit code 0 (zero) em caso de sucesso.

$ ls tests/*.sh
tests/hello.sh

O ls acima irá listar todos os arquivos .sh dentro do diretório tests, podemos usar a saída desse comando em um for que será executado para cada item encontrado:

#!/usr/bin/env

# 1. Busca todos os testes existentes
for test in $(ls tests/*.sh)
do
    # 2. Garante que o teste possa ser executado
    chmod a+x "${test}"
    # 3. Executa o teste
    $test > /dev/null
    if [ "$?" != "0" ]
    then
        # 4. Saída com status 1 (um) de erro
        exit 1
    fi
done
# 4. Saída com status 0 (zero) de sucesso
exit 0

Agora não importa quantos testes tenhamos no diretório tests, sempre que executarmos o programa acima vamos ter o resultado de sucesso caso todas as nossas verificações passem.

Falta fazer a parte de relatório, mas acho que você já pegou as manhas do que estamos fazendo. Existem padrões de relatório de testes automatizados:

  • xUnit é um formato em XML que costuma ser o padrão aceito
  • TAP é um formato mais verboso e mais apropriado para humanos
  • TestDox é um padrão para nome de testes que é usado como relatório também

Esses formatos padrão de relatório de execução são importantes só para integração com outras ferramentas, que normalmente são ferramentas de Integração Contínua.

Para onde continuar?

Existe um vídeo deu apresentando essa ideia e como usar o PHPUnit para automatizar seus testes que vai um pouco além do escrevi aqui.

Recomendo alguns livros também:

  • GOOS: Cria um software usando TDD num passo-a-passo bem fácil de entender
  • TDD: Descreve a técnica de criar testes automatizados antes da implementação e como isso pode melhorar sua vida

Se você quiser qualquer dica, ou tiver alguma crítica ou sugestão, dê um toque! Se eu puder der uma dica a você que nunca fez um teste automatizado ela é a de começar logo. Além da curva de aprendizado natural, leva um tempo aprender que nem todo código é automaticamente testável e mais tempo ainda em como fazer isso e os livros acima ajudam bastante a reduzir esse tempo.

Perguntas frequentes

Como eu convenço meu chefe de que isso é importante?

No começo desse post eu tentei explicar que você faz isso de um jeito ou de outro. Começar a fazer testes de maneira automática reduz o seu trabalho e se tudo der certo você vai começar a entregar trabalho com mais qualidade.

Se você precisa aprender a fazer testes automáticos, daí a conversa com seu gestor é outra.

Como eu testo algo que já existe e o código é ruim?

Você pode usar testes de comportamento para testar a aplicação inteira. Eles são mais lentos e precisam de algumas condições anteriores (usuário existir, produto, etc) mas vão entregar valor rápido e costumam ser mais simples de entender e fazer no início.