A idéia aqui é fazer uma revisão de um pequeno componente que achei alguns meses atrás, que me fez aprender uma coisa (maldosa, diga-se de passagem) que definitivamente nem imaginava ser possível com PHP.
O componente na verdade é uma série de funções que nada mais são que atalhos
para os métodos de asserção existentes na classe PHPUnit_Framework_TestCase
.
Resumindo: ao invés de chamar $this->assertTrue()
você pode usar ok()
e ter o mesmo resultado.
Estrutura
O componente é de autoria de um chinês: c9s (o cara é uma firehose de projetos). Não existem classes, portanto sem maiores problemas com relação à PSR #0. O componente é um único arquivo com a declaração das funções e só. Uma suite simples de testes (a cobertura é bem pequena) também pode ser encontrada no repositório, o que não é lá um grande problema já que todas as funções funcionam basicamente da mesma forma.
Instalação
Não poderia ser mais simples: copie o arquivo contendo as funções, e inclua ele no bootstrap utilizado pelo PHPUnit.
Em teoria ele deve funcionar em qualquer versão do PHPUnit, posterior à remoção das funções que ele possuía (algumas possuem o mesmo nome) que foram removidas sei lá em qual versão =P.
Review
A revisão deste código deve ser bem simples e direta, vamos examinar por enquanto o arquivo que declara as funções que serão utilizadas.
if( ! defined('DEBUG_BACKTRACE_PROVIDE_OBJECT') )
define( 'DEBUG_BACKTRACE_PROVIDE_OBJECT' , true );
A constante DEBUG_BACKTRACE_PROVIDE_OBJECT
passou a existir somente na
versão 5.3.6 quando a assinatura da função debug_backtrace()
sofreu alteração.
O que está sendo feito é a declaração da constante a fim de que ela exista e se tenha o mesmo resultado da chamada de função em todas as versões. Uma olhadinha na documentação do PHP pode resolver dúvidas em relação à isso.
function ok( $v , $msg = null )
{
$stacks = debug_backtrace( DEBUG_BACKTRACE_PROVIDE_OBJECT );
$testobj = $stacks[1]['object'];
$testobj->assertTrue( $v ? true : false , $msg );
return $v ? true : false;
}
Aí temos a primeira função, que obrigatoriamente recebe um argumento. A assinatura da função é a mesma do método que ela utiliza, por motivos óbvios isso já é extremamente interessante.
A primeira coisa que a função faz é retornar o backtrace da aplicação COM as instâncias de objetos reais que foram utilizadas. Isso significa que você pode reutilizar os objetos que foram utilizados para chegar até aquele momento.
Depois de ter o backtrace, a idéia é conseguir utilizar os métodos de asserção do próprio PHPUnit, da própria suite de testes onde a função é chamada. Isso obviamente está sempre no mesmo índice do backtrace: o primeiro índice posterior à execução da função.
Sabendo disso, no índice 1 (um) do backtrace está a instância do objeto que é
o TestCase onde a função foi chamada, ele salva uma referência à este objeto na variável
$testObj
e faz a chamada de asserção que ele deseja.
function dump($e)
{
var_dump($e);
ob_flush();
}
Menção den honra à última função: dump()
. Ela tem uma utilidade sim dentro
da suite de testes, já que o PHPUnit gerencia o Output Buffer
para conseguir imprimir o formato desejado do resultado da execução dos testes,
seja ele: os famigerados pontos (.), o TestDox
ou qualquer outro desejado.
A função ob_flush() envia para o output o conteúdo do buffer que está sendo controlado, logo vemos output do var_dump() como esperado.
Considerações
Existem obviamente outras formas de se fazer a mágica de consumir métodos de instâncias já existentes:
function ok(PHPUnit_Framework_TestCase $testobj, $v , $msg = null)
{
$testobj->assertTrue( $v ? true : false , $msg );
return $v ? true : false;
}
Na forma acima, sempre temos que passar a instância do TestCase na chamada da função, o que é um pouco menos elegante do que a solução anterior mas muito mais simples de se obter e sem a magia negre de reutilizar um objeto do backtrace.
Utilizar objetos diretamente do backtrace é perigoso por diversos motivos, mas o maior problema (na minha humilde opinião, obviamente) é quebrar o fluxo natural da aplicação. Esse tipo de comportamento não é natural ao programador, é algo que dificilmente é identificado facilmente (a não ser que você leia realmente o corpo da função) além de ter um comportamento bem pouco previsível.
O caso acima é um caso à parte:
- A função só funciona se chamada dentro de uma suite de testes
- O código nunca é executado em produção (só nos testes)
- A implementação é bem pequena e inofenciva do ponto de vista de domínios
Enfim, espero que tenha curtido minha primeira revisão pública de código. Não deixe de criticar ou deixar seu comentário!